Conceitos teóricos da psicologia

 

Cognição

 

É um termo que designa os atos, processos e mecanismos envolvidos no processo de conhecimento, assim como o resultado da conjugação desses elementos. Adquirimos, tratamos e processamos informações, daí resultando conhecimentos que nos ajudam a resolver os problemas que a adaptação ao meio exige. O que conhecemos, como conhecemos e o que conhecemos, como comunicamos o que conhecemos aos outros são alguns dos temas que interessam aos estudiosos dos processos cognitivos.

 

 

Comportamento

 

É qualquer ato efetuado pelo organismo e que possa ser observado e registado. Ex.: sorrir, falar, calçar um sapato. (exterior, físico).

 

Sempre que estamos insatisfeitos, sentimos tensão, esta tensão leva à ação, visando um objetivo, quando o objetivo é satisfeito, a tensão diminui e alcançamos a homeostase. O mundo nem sempre corresponde àquilo que desejamos, por isto é necessário o ajustamento. O comportamento vai se ajustando, assim, às demandas sociais. Além dos determinantes genéticos e sociais, há experiências particulares. Da combinação destes três fatores resulta a personalidade. 

 

 

 

 

Consciente/Inconsciente

 

Freud considerava o psiquismo humano semelhante a um iceberg, em que uma gigantesca parte imersa (inconsciente) sustenta a pequena parte que emerge à superfície (consciente).

 

Consciente  (ego) - É a parte mais pequena da mente humana, a qual é constituída por raciocínios, perceções, pensamentos. É um órgão de perceção para as impressões que nos absorvem num dado momento e tem a capacidade de distinguir processos do mundo externo e do interno. É possível aceder ao consciente através da introspeção. Forma-se durante o primeiro ano de vida.

 

Inconsciente (ID) - É formado por instintos, pulsões e desejos socialmente inaceitáveis, mas que a todo o momento exercem pressão para se manifestar. O inconsciente é a base do consciente, estando nele depositados todos os motivos e impulsos biológicos, garantia de sobrevivência individual e da espécie. O conjunto de pulsões e desejos inconscientes possuem um dinamismo próprio, cujo papel na determinação do comportamento é superior ao dos fenómenos conscientes. Esta é a grande “novidade” de Freud, o inconsciente como o aspeto mais significativo, considerando nele residir a explicação da mente e das condutas humanas, a consciência é destronada pelo inconsciente que vai conduzir uma inédita do “eu” ou da personalidade. Existe desde o nascimento.

 

 

 

 

Continuidade/Descontinuidade

 

As nossas características físicas e psicológicas evoluem por um processo de crescimento semelhante ao que ocorre com a estatura e o peso (alterações graduais). De uma fase da vida para a outra, os carateres permanecem os mesmos, variando apenas em complexidade e grau ou quantidade. Ex.: a evolução do pensamento de uma criança até à adolescência e daqui até à idade adulta resulta dum somatório de experiências, atualização dos potenciais genéticos. O sujeito é passivo, limitando-se a seguir o curso dos fatores que do interior ou do exterior o determinam – continuidade.

 

As correntes que defendem a descontinuidade são de opinião de que as modificações ocorridas ao longo da vida correspondem a processos de transformação qualitativa que dá origem a estádios de desenvolvimento de natureza diferente que se vão construindo ao longo da vida. O desenvolvimento descrito pelos psicólogos descontinuistas implica a conceção de um sujeito ativo que intervém no desenvolvimento das suas próprias estruturas.

 

 

 

 

Estabilidade/Mudança

 

Mudança - A mudança é uma realidade. Sabemos que ser criança não é o mesmo que ser adolescente. Ao longo da vida passamos por alterações que determinam etapas qualitativamente diferentes no percurso que efetuamos. As mudanças cognitivas por que somos obrigados a passar, e que fazem com que cada etapa percorrida no nosso desenvolvimento se caracterize por formas de pensar, sentir e agir diferentes das que caracterizam as outras etapas. Também mudamos porque as circunstâncias da vida nos obrigam a mudar. Ninguém nasce predestinado a ser uma estrutura rígida, mantendo-se invariável ao longo do tempo. Somos uma estrutura dotada de elasticidade. Mesmo depois de construída a nossa identidade, não significa que se fique com uma personalidade rígida, pois o individuo continua a ter de reorganizar em cada momento os elementos integrantes da sua personalidade, ajustando-os às diversas circunstâncias do meio.

 

Estabilidade - Mas existe uma certa estabilidade. Há todo um conjunto de traços, reações, expressões e modos de falar que se mantêm os mesmos e que nos permitem identificar a pessoa como sendo quem é e prever os comportamentos que dela são únicos. No fundo, cada pessoa permanece idêntica a si própria o que permite reconhecê-la nas mais diversas circunstâncias. Para lá do que nos aparece de diferente em cada pessoa, existe uma individualidade específica e regular de um eu que apresenta uma certa permanência, uma certa constância no decurso do seu desenvolvimento.

 

 

 

 

Inato/Adquirido

 

Trata-se de concluir se nascemos com todo o equipamento necessário ou se depende de aquisições feitas no contacto com o meio.

 

Alguns psicólogos apoiam que os comportamentos do ser humano se explicam a partir de mecanismos inatos de natureza hereditária.

 

Assim, o potencial genético determinaria o desenvolvimento dos seres humanos e, por isso, repercutir-se-ia no modo como se situam no mundo e sobre ele agem. Estes psicólogos consideram o meio apenas como condição necessária para que as características determinadas geneticamente se atualizem – inato.

 

De modo contrário, há psicólogos que apoiam que o comportamento do ser humano é adquirido no contacto com o meio ambiente. O desenvolvimento humano processar-se-ia à medida que o organismo fosse reagindo a estímulos provenientes do meio. Para estes psicólogos, as experiencias e as aprendizagens são fatores insubstituíveis na aquisição de estruturas que possibilitam a cada ser humano as adaptações adequadas à sua sobrevivência e à sua continuidade. Serão as aprendizagens que o individuo efetua no contacto com as situações que irão determinar as diferenças nos comportamentos ao longo da vida – adquirido.

 

 

 

 

Individual/Social

 

O individual centra-se na consciência, no inconsciente, no desenvolvimento e no comportamento, encaram seres humanos na sua individualidade e procuram explicar os seus mecanismos psicológicos sem qualquer referência ao meio social em que cada um está integrado – individual.

 

Com o aparecimento da psicologia social, desenvolve-se a convicção de que o individual puro não existe, na medida em que todos os indivíduos são seres sociais. Se somos humanos, somos seres sociais. O individuo emerge de contextos sociais, culturais e históricos que o ajudam a ser aquilo que é e a ver o mundo da maneira como o vê. Para se compreender, o ser humano tem de ser perspetivado no contexto social de onde retira a sua identidade, as suas representações, o seu modo de se exprimir, ver, pensar e reagir a situações e acontecimentos. Quando se fala da individualidade do ser humano, está subjacente a ideia de que cada pessoa se desenvolve pela intervenção das coletividades sociais que lhe moldaram a sua essência e que, por isso mesmo, estão presentes em tudo aquilo que ele faz – social.

 

 

 

 

Interno/Externo

 

Quando falamos de fatores internos, estamos a referir-nos a traços transmitidos pelos genes, sejam eles de natureza anatómica, fisiológica ou psicológica. Interno refere-se ao individuo, com o que radica na sua hereditariedade, por exemplo, a estatura, o funcionamento dos órgãos internos, o sistema nervoso e hormonal, a capacidade de se emocionar ou o nível das competências cognitivas que utiliza na resolução de problemas – interno.

 

 

 

Falar de fatores externos é admitir a possibilidade de os estímulos do meio agirem sobre o individuo, determinando, assim, a sua essência. Falar do polo externo é fazer referência ao meio ambiente, ou seja, ao conjunto de fatores circunstanciais que fazem com que o individuo seja aquilo que é e se comporte do modo como o faz – externo.

 

 

 

 

Integração

 

Significa o estabelecer de formas comuns de vida, de aprendizagem e de trabalho entre pessoas deficientes e não-deficientes. Integração significa ser participante, ser considerado, fazer parte de, ser levado a sério e ser encorajado.

 

A Integração requer a promoção das qualidades próprias do indivíduo, sem estigmatização e sem segregação. Realizar pedagogicamente a integração significa, seja no jardim-de-infância, na escola ou no trabalho, que todas as crianças e adultos (deficientes ou não) brinquem / aprendam / trabalhem de acordo com o seu próprio nível de desenvolvimento em cooperação com os outros" (Steinemann, 1994:7).

 

 

 

 

Mentalismo

 

Refere-se àquele segmento de estudo que se concentra na percepção mental e nos processos do pensamento, semelhante à psicologia cognitiva (oposto ao behaviorismo).