Reflexão Pessoal - A Cultura
Reflexão pessoal – Porque é que existe diversidade cultural no mundo?
O ser humano não completaria o seu desenvolvimento sem a cultura, pelo que tem de viver num mundo socialmente organizado. Mas essa organização não é uniforme: saberes, valores, hábitos sociais e específicas práticas de vida separam a população mundial em varias culturas, em que, como sabemos, o normal numa delas pode ser considerado aberrante nas outras.
Assim, para satisfação das suas necessidades alimentares, o europeu serve-se de talheres, o chines utiliza pauzinhos, enquanto em certas tribos primitivas se come com a mão. Também a maneira de vestir difere segundo os tipos de sociedade: é conhecida a tanga africana, o sari indiano, o quimono chinês e o capote alentejano. A mulher árabe tem por habito usar o rosto velado, enquanto a africana complica artisticamente o penteado; a viúva, em algumas aldeias portuguesas, cobre-se ainda de xaile e lenço, enquanto existem ciganas que rapam o cabelo por morte do marido.
A diversidade cultural faz-se notar em exemplos concretos e observáveis no decorrer do quotidiano, como os que acabei de apresentar, mas insinua-se igualmente nos modos de conceber o que é bom e o que é mau, o que é bonito e o que é feio, o que é aconselhável e desaconselhável, o justo e o injusto, apreciações e valores que variam de uma sociedade para outra.
Ora, é sempre numa cultura, com a sua especificidade de elementos, que nos tornamos humanos. Já que não dispomos de soluções geneticamente determinadas, somos sensíveis a essa cultura, servindo-nos dela para enfrentar situações e resolver problemas. Ao tornarmo-nos humanos através da cultura, tornamo-nos simultaneamente diferentes em relação a outras pessoas que enfrentam e sentem outros problemas, para os quais procuram outras soluções, porque vivem e respiram o ar de outras culturas.
Por fim, posso concluir que as sociedades se caraterizam pela heterogeneidade cultural, não havendo um conceito de “normal” universalmente aceite. De uma sociedade para outra, diferem os padrões culturais, o que se traduz em divergência nas relações sociais, na organização das instituições, nas formas de expressar a sensibilidade ou de definir os afetos, em suma, nas maneiras de ver, pensar, sentir e agir.
Durante as aulas o professor expôs-nos o visionamento de um filme que se intitula “L’Enfant Sauvage d’Aveyron” (O Menino Selvagem de Aveyron) de François Truffaut, o qual evidencia a importância da cultura no processo de integração social.
Este filme aborda o caso de uma criança selvagem descrito pelo médico francês Itard. Em 1798, é encontrada uma criança selvagem do sexo masculino na floresta de Aveyron, em França. É conduzida para o Instituto dos Surdo-Mudos, em Paris, onde os médicos lhe diagnosticaram idiotia de origem biológica. Contudo, Itard tem uma outra explicação: o comportamento da criança seria explicado pela ausência de contacto social. Consegue que a criança lhe seja confiada, e é na casa do médico que o jovem Victor viverá até aos 18 anos. Apoiado pela sua governanta, o médico desenvolve um programa de integração no meio social, descrevendo pormenorizadamente todo o processo em relatórios.
Crianças selvagens são crianças que logo a partir dos primeiros anos de vida passaram a viver em completo isolamento da sociedade; são crianças que depois de pouco tempo de vida se perdem da sociedade, vivem como animais, não falam e não andam como pessoas normais.
Os casos conhecidos de crianças selvagens revelam que:
- A aquisição de comportamentos e de capacidades próprias do ser humano só se verifica se as crianças viverem em sociedades humanas;
- O contacto social nos primeiros anos de vida é decisivo para a aprendizagem das diferentes competências humanas. Existem críticas do desenvolvimento que correspondem, de um ponto de vista neurológico, aos processos de mielinização e de ligações sinápticas nas áreas relacionadas com a aquisição da linguagem.
- A inteligência humana, pressupondo uma estrutura genética especifica, resulta do contacto social. Podemos, então, considerar dois aspetos centrais do processo que constroem em cada criança um ser humano: a socialização e a cultura.
Como proposta de atividade, relacionada com o tema das “crianças selvagens”, proponho então um estudo aprofundado acerca das mesmas, pois estas constituem uma espécie de grau zero do desenvolvimento humano, ensinam-nos o que seriamos sem os outros, mostram de forma abrupta a fragilidade da nossa animalidade e revelam a raiz precária da nossa vida humana.
https://pt.scribd.com/doc/9111787/Criancas-Selvagens-Psicologia
Por outro lado, como proposta de atividade, relacionada com o tema da diversidade cultural em si, proponho pois que seja feito um reconhecimento da diversidade cultural existente mundialmente, bem como os costumes, que sejam promovidas reflexões sobre a extensa diversidade cultural e racial e que se destaque a importância e a necessidade de respeitar todas as culturas, quaisquer que sejam elas. O objetivo desta atividade é pois compreender a identidade da nação e do povo e, ao mesmo tempo, promover meios para que sejam desenvolvidas: a consciência, o respeito e a solidariedade com o próximo.
Bibliografia:
MONTEIRO, Manuela Monteiro; FERREIRA, Pedro Tavares (2009) – Ser Humano: 1ªParte – Psicologia B 12ºAno. Porto Editora.
https://www.slideshare.net/davidaaduarte/psicologia-a-cultura