Reflexão Pessoal - O Cérebro
Iniciamos este tema com o estudo do neurónio, sendo que é a estrutura básica do sistema nervoso, uma célula nervosa. Estas células liga-se umas as outras através das dendrites e dos axónios, formando a rede nervosa. A transmissão de informação ocorre essencialmente graças aos impulsos nervosos. Um impulso nervoso é a transmissão de um sinal codificado de um estímulo dado ao longo da membrana do neurónio, a partir de seu ponto de aplicação. Os impulsos nervosos podem passar de uma célula a outra, criando assim uma cadeia de informação dentro de uma rede de neurónios. A passagem do impulso nervoso de um neurónio para o outro dá-se o nome de sinapse. Este fenómeno pode ser travado pela ingestão de álcool ou de drogas.
O cérebro é uma massa nervosa que se encontra protegida por uma estrutura óssea – a caixa craniana. A parte interna do cérebro possui uma substância branca, sendo a exterior – o córtex cerebral – constituída por uma substância cinzenta. O córtex cerebral é a estrutura nervosa que garante a superioridade humana, ou seja, a grande capacidade de processar informações e de conceder significados às situações e aos acontecimentos do mundo, o qual é constituído por um conjunto de neurónios diferenciados, em áreas funcionais variadas.
O cérebro é formado por dois hemisférios, o esquerdo e o direito, sendo que cada hemisfério comanda as sensações e os movimentos de cada parte do corpo. O córtex humano é atravessado por uma fenda longitudinal que divide o cérebro em duas metades quase simétricas, denominadas por hemisférios cerebrais. Cada hemisfério é responsável pelo controlo sensorial e motor do lado oposto do corpo, por exemplo, o hemisfério esquerdo comanda a sensibilidade e os movimentos do lado direito e o hemisfério direito superintende no controlo da sensibilidade e dos movimentos do lado esquerdo.
O hemisfério esquerdo é responsável pela simbologia e pela lógica, ocupa-se do pensamento mais analítico, linear e verbal. Constrói frases e resolve equações. Proporciona ao homem a ciência e a tragédia. Os acidentes, tromboses ou tumores neste hemisfério têm como consequência distúrbios na leitura, na escrita, na fala, no raciocínio aritmético e, em geral, na capacidade de compreender.
O hemisfério direito é responsável pela organização das percepções especiais, e tem como função o pensamento sintético, holístico e icónico. Ao ouvir música, apercebe-se da tridimensionalidade dos objetos, isto é, a imaginação e a arte.
Apesar das diferenças evidenciadas, os estudos revelam que os hemisférios trabalham coordenadamente, desempenhando papéis complementares. Esta complementaridade deve-se ao corpo caloso que unifica o estado de consciência e de atenção, permitindo que ambos os hemisférios partilhem a responsabilidade em funções superiores complexas, como as de aprendizagem e de memória.
O córtex que cobre cada hemisfério apresenta quatro regiões ou lobos cerebrais, separados por fendas. A organização funcional dos lobos é análoga entre si, existindo, em cada um deles, dois tipos de áreas: as áreas primárias e as áreas secundárias. As áreas primárias ou de projeção funcionam como estações recetoras de informação sensorial ou como centros de transmissão de ordens motoras. Já as áreas secundárias ou de associação coordenam e integram a informação recebida nas áreas primárias.
O lobo occipital é responsável pela visão, interferindo em diversos aspetos, como o reconhecimento da forma, da cor e dos movimentos dos objetos. Se a área visual primária for lesionada, o indivíduo perde a capacidade de ver, ou seja, passa a sofrer de cegueira cortical. Se a lesão ocorrer na área visual secundária, o indivíduo continua a ver, mas não reconhece nem identifica o que vê.
O lobo temporal é responsável pela audição e contribui também para alguns aspetos mais complexos da visão. Se houver uma lesão na área auditiva primária, a pessoa deixa de ouvir sons, sofrendo de surdez cortical. Porém, se a lesão se verificar na auditiva secundária, o indivíduo continua a ouvir sons, só que não os consegue reconhecer, mesmo que lhe sejam familiares (agnosia auditiva). Na fronteira do lobo temporal, com os lobos parietal e occipital, situa-se a área de Wernicle, ou seja, a área auditiva da linguagem, cuja lesão implica perturbações complexas que incluem a surdez verbal, embora o ouvido continue a funcionar, o indivíduo não consegue interpretar o seu significado (afasia de Wernicke).
O lobo parietal responsabiliza-se pelas sensações do corpo, tato, dor, temperatura, localização dos segmentos e órgãos do corpo, etc. É a área sensorial denominada de córtex somatossensorial. Uma lesão em qualquer parte somatossensorial primária compromete a sensibilidade tátil, térmica ou álgica da parte correspondente do corpo. É chamada anestesia cortical à incapacidade de sentir os estímulos, pois se a lesão tiver lugar na área somatossensorial secundária, a pessoa apresenta dificuldades na localização de sensações ou distinção de sensações.
Contudo, há exceções e essas levam o indivíduo a reconhecer a forma, a dimensão ou a textura de um objeto, sendo um distúrbio das somatognosias.
O lobo frontal é responsável pelos movimentos, inclui as áreas motoras primárias e secundárias. A área motora primária destina-se à ocorrência de movimentos em diferentes partes do corpo e a área motora secundária destina-se à organização ordenada e coordenada de movimentos.
As áreas pré-frontais constituem a secção anterior do lobo frontal, conhecida como área pré-frontal, cérebro pré-frontal ou córtex pré-frontal, as quais estabelecem relações com as mais diversas áreas do cérebro, unificando as suas atividades e controlando os comportamentos que se consideram única ou especificamente humanos: reflexão, atenção, imaginação, planificação, processos mentais superiores, ou seja, aqueles que nos distinguem propriamente como seres humanos. Pode dizer-se que todo o progresso e conforto material e espiritual da humanidade deve-se à intervenção neural nesta área, pois esta permite-nos organizar e fazer funcionar instituições, elaborar leis e estabelecer formas equilibradas de relacionamento entre as pessoas e os grupos.
A unidade funcional do cérebro permite explicar o que passa relativamente aos casos de retoma das atividades. Esta capacidade do cérebro em se organizar de modo a suprir as funções que, por uma lesão cerebral, em determinadas áreas deixaram de poder exercer, é designada de função de suplência ou vicariante – capacidade que as zonas cerebrais possuem de exercer a função que competia a determinada área, mas que não pode desempenhar por ter sido lesionada. O cérebro funciona sistematicamente, ou seja, uma globalidade constituída por partes cujas interações concorrem para a manutenção do seu equilíbrio funcional como unidade ou sistema. Assim, quando falamos de uma unidade funcional do cérebro, falamos do modo sistémico como este funciona, existindo uma atuação diferenciada, porém sincronizada, dos diferentes sistemas corticais e subcorticais.
Posto isto, decidi então focar a minha reflexão pessoal no estudo dos AVC’s.
O Acidente Vascular Cerebral ou AVC é caracterizado pela perda rápida da função cerebral, decorrente da obstrução de um vaso sanguíneo cerebral. O AVC é a principal causa de morte em Portugal. Cerca de duzentos em cada 100 000 portugueses morrem de AVC. De acordo com o cardiologista responsável pela Unidade Coronária do Hospital de Santa Cruz, Jorge Ferreira, um AVC consiste “No aparecimento súbito de alterações de funções neurológicas desempenhadas por uma região do cérebro que fica privada de irrigação sanguínea”. As funções neurológicas mais frequentemente afetadas são as motoras, que originam sintomas como falta de força num braço, a dificuldade em falar e o facto de instalar subitamente uma assimetria facial ou mesmo alterações visuais, como passar a ver imagens em duplicado, e isso deve-se à interrupção do impulso nervoso nos neurónios. O AVC apenas ocorre em doentes com fatores de risco vascular. Existem dois tipos de AVC: Isquémico e hemorrágico. O AVC isquémico ocorre quando, por algum motivo, se dá o entupimento ou a diminuição do calibre de um vaso cerebral. Assim, dá-se uma diminuição do aporte do sangue com oxigénio e nutrientes ao cérebro e às células cerebrais e consequentemente dá-se a morte destas células. Por sua vez o AVC hemorrágico ocorre devido à rutura de um vaso cerebral que provoca uma hemorragia.
Normalmente as pessoas que correm o risco de sofrer um AVC têm mas de 64 anos, são hipertensos, diabéticos, obesos e fumadores, doentes com fibrilação auricular, pessoas que consomem bebidas alcoólicas ou drogas, pessoas com vida sedentária e que não praticam exercício físico.
A maioria dos AVC´s é a consequência de uma obstrução da irrigação sanguínea (AVC isquémico). A zona do cérebro afetada é determinante: a morte de células numa zona extensa do cérebro pode, consoante a região afetada, causar danos neurológicos menores do que uma lesão numa zona menos extensa.
A seguinte hiperligação mostra-nos um vídeo que consegue explicar-nos de uma forma simplificada e percetível como se dá a ocorrência de um AVC:
https://www.youtube.com/watch?v=w20w4e9ZZEg
Na minha opinião penso que o tema do Cérebro é bastante interessante, uma vez que este tem várias vertentes e está sujeito a várias complicações, que podem comprometer as vivências do ser humano. Quando alguma parte do cérebro fica lesionado existem várias doenças, só que com o desenvolvimento de técnicas de observação sistemática mais concisas, espero que se consigam desvendar mais segredos do cérebro e da mente humana, de modo a arranjarem meios para combater as doenças cerebrais.
Foi-me possível concluir que a mente humana é repleta de mistérios e que não é qualquer pessoa que sabe os riscos que pode correr não podendo assim se precaver. Por isso, acho que devia ser estendida a toda a comunidade mais informação acerca do cérebro e as suas vertentes, até porque muitas das doenças cerebrais surgem com pormenores aos quais nós nem damos muita importância, e quando nos damos conta da doença que temos dificilmente, de certa forma, é possível remediá-la.
Bibliografia:
ALDRIDGE, Susan; CARTER, Rita; PAGE, Martyn; PARKER, Steve (2009) – Livro do Cérebro. Civilização.