Reflexão Pessoal - A Memória - Fatores de esquecimento:

            A memória é o processo de recordar conteúdos que foram adquiridos e armazenados para serem posteriormente
utilizados.

            A memória é o sustentáculo das nossas aprendizagens, pois é ela que conserva aquilo que se aprendeu.

            A memória é, portanto, o suporte essencial de todos os processos de aprendizagem, permitindo ao ser humano um sistema de referências relativas à sua experiencia vivida e ao reconhecimento de si como pessoa dotada de identidade própria.

            A memória é um processo indissociável, na medida em que, por um lado, uma conduta só se considera aprendida se for retida ou memorizada e, por outro, só se pode reter o que foi aprendido.

            De acordo com o modelo de processamento de informação, de inspiração cibernética, a memória inclui quatro momentos essenciais:

-Receção e codificação - a informação é recebida, tendo que ser devidamente preparada para que o armazenamento possa ser feito;

-Armazenamento - depois do tratamento das informações, estas são guardadas num grande depósito;

-Recuperação - sempre que necessitamos de uma informação, há que ir procura-la ao armazém;

-Esquecimento - os dados amnésicos perdem-se com o tempo, e este desaparecimento vai permitir adquirir conteúdos novos.

            Este modelo considera também a existência de três tipos de memória implicados na organização do universo das nossas lembranças: memória sensorial, memoria a curto prazo e memoria a longo prazo.

            Posto isto, decidi focar a minha reflexão pessoal no estudo dos fatores de esquecimento.

            São vários os fatores responsáveis pelo esquecimento. Entre eles temos:

- Distorção do traço amnésico:

            Muito do que aprendemos desaparece ao longo do tempo e, relativamente ao que retemos, podem ocorrer modificações que deturpam o que inicialmente foi aprendido.

            A distorção do traço amnésico deve-se a falhas que podem ocorrer na codificação, no armazenamento ou na recuperação dos conteúdos:

·Falhas na codificação: quando lemos um texto e não prestamos atenção áquilo que está escrito, não é possível que nos lembremos do seu conteúdo. Não sendo codificado, o material não é armazenado, ou, então, é-o de forma incorreta;

·Falhas no armazenamento: os conhecimentos armazenados na memória a longo prazo estão sujeitos também a falhas e perdas. Nestas falhas interfere o fator tempo, as atividades da pessoa e outros mecanismos de inibição;

·Falhas na recuperação: devem-se à interferência de outras informações, a erros na recuperação dos sinais que dão acesso ao local onde a informação está armazenada ou ainda à supressão de um pensamento ou acontecimento que provoca perturbação no sujeito;

- Interferência de outras aprendizagens:

            As interferências promotoras do esquecimento podem fazer-se sentir de uma forma proativa ou retroativa.

·Esquecimento por inibição proativa: deterioração dos conteúdos amnésicos provocada pela interferência de recordações passadas;

·Esquecimento por inibição retroativa: deterioração dos conteúdos amnésicos provocada pela interferência de novas informações.

As interferências retroativas e proactivas variam na razão direta das semelhanças existentes entre os conteúdos.

- Motivação inconsciente:

            Segundo Freud, o processo de esquecer é seletivo: não esquecemos tudo, mas apenas aquilo que inconscientemente nos interessa esquecer.

            Com efeito, o carater incomodativo de recordações como a dor, o medo, a ansiedade ou a angústia faz com que sejam reprimidas, isto é, afastadas da zona iluminada da consciência. Por isso, a pessoa é incapaz de voluntariamente as evocar.

            Freud chamou recalcamento ou repressão à tendência que os seres humanos têm de evitar inconscientemente a recordação de certas impressões e situações penosas.

            Em suma, posso concluir que esquecemos muito do que aprendemos e, em muitos casos, com bastante rapidez. Mas nem sempre o esquecimento é algo de negativo. Há uma dimensão positiva no esquecimento, na medida em que desempenha uma insubstituível função seletiva. O psiquismo necessita de depurar materiais, eliminando muitos deles, antes de se fazerem novas aquisições.

            Desta forma evitam-se perturbações graves, associadas à impossibilidade de a memória fazer a gestão normal das informações. É pelo esquecimento que nos libertamos do peso de informações sem interesse e nos mantemos disponíveis, abertos a outras aprendizagens.

            Uma atividade relacionada com este tema pode ser jogar o conhecido "jogo da memória". Este é um clássico jogo formado por peças que apresentam uma figura em um dos lados. Cada figura repete-se em duas peças diferentes. Para começar o jogo, as peças são postas com as figuras voltadas para baixo, para que não possam ser vistas. Cada participante deve, na sua vez, virar duas peças e deixar que todos as vejam. Caso as figuras sejam iguais, o participante deve recolher consigo esse par e jogar novamente. Se forem peças diferentes, estas devem ser viradas novamente, e sendo passada a vez ao participante seguinte. Ganha o jogo quem tiver descoberto mais pares, quando todos eles tiverem sido recolhidos.

            Este jogo funciona como uma espécie de teste á memória de cada um dos participantes. Aqueles que mais rapidamente conseguem reter as imagens são os que mais probabilidade têm de ganhar.

            Se tiverem curiosidade podem jogar ao jogo no seguinte link: https://clientes.netvisao.pt/mcharrao/sala_de_estudo_virtual/memoria.htm


Bibliografia:

MONTEIRO, Manuela Monteiro; FERREIRA, Pedro Tavares (2009) - Ser Humano: 2ªParte - Psicologia B 12ºAno. Porto Editora.