Reflexão pessoal - A importância do método de classificação de psicopatas de Michael Stone na psicologia forense
A psicologia forense dedica-se, maioritariamente, ao estudo do crime e de todos os protagonistas que estão relacionados com o desvio e a transgressão. Esta procura identificar as causas que conduzem aos comportamentos desviantes e transgressores, os mecanismos que os desencadeiam e os efeitos sociais desses comportamentos. A presença do psicólogo forense junto das instituições de justiça, como por exemplo os tribunais, tem também por objetivo modificar as interpretações mais esquemáticas e redutoras dos comportamentos genericamente designados por comportamentos criminosos.
A psicologia forense é uma área que se relaciona com o sistema de justiça e que faz a confluência entre o direito e a psicologia. A atitude face ao comportamento humano destas duas áreas é efetivamente distinta: o objeto de estudo da psicologia é o comportamento humano e os estados mentais, enquanto o do direito é a norma jurídica. A psicologia estuda o comportamento humano como ele e por isso se diz que é uma ciência do “ser”. O direito procura disciplinar o comportamento humano e por isso se diz que é uma área que estabelece o “deve ser”. O direito tem de distinguir o que é licito e ilícito, o que é “normal” e “anormal”, tendo por referência as normas jurídicas estabelecidas pela sociedade; a psicologia encara o “normal” e o “anormal” numa outra perspetiva, pondo inclusivamente reservas a esta classificação no interior da sua própria área de atuação.
A psicologia forense também tem procurado compreender as relações complexas entre os comportamentos transgressores, as suas causas, os seus contextos, bem como os efeitos que têm sobre a sociedade.
Tendo em conta a psicologia forense, decidi então focar a minha reflexão na área da psicopatia.
A psicopatia é considerada como a mais grave alteração de personalidade, uma vez que os indivíduos caraterizados por essa patologia são responsáveis pela maioria dos crimes violentos, pois cometem vários tipos de crime e apresentam os maiores índices de reincidência apresentados.
Michael Stone desenvolveu um método de classificação de psicopatas, desenvolvendo uma espécie de “hierarquia do mal”. A escala varia do nível 1: “Pessoas normais que matam apenas em legítima defesa” até ao nível 22: “Psicopatas assassinos e torturadores em série”, que representa o máximo que a perversidade humana pode chegar.
Foram apresentadas críticas relacionadas com a capacidade de delinear o nível de “maldade” que cada indivíduo apresenta, pois os fatores neurológicos, ambientais ou genéticos podem ser adversos e incompreensíveis levando os próprios especialistas forenses a ter dúvidas aquando da caraterização do estado mental de cada assassino. Por outro lado, é criticado o facto de não existir uma forma plena de supor a existência de premeditação num crime, podendo tal desregular a avaliação de cada assassino. Por sua vez, o sistema de classificação de psicopatas delimita os níveis em casos muito restritos, por exemplo, não existe qualquer alusão a acidentes causados á distância que levam á morte de pessoas, tais como acidentes de caça onde uma “bala perdida” atinge um caçador vitimando-o. Segundo os níveis de Stone não há forma de avaliar um assassino quando inserido neste tipo de situações, mas tal é incorreto.
Após a exposição teórica da psicologia forense e da psicopatia, posso concluir que apesar do trabalho de Stone não englobar todo o tipo de situações e ser suscetível á avaliação pessoal de cada psicólogo, o seu contributo foi tremendo para a resolução de inúmeros crimes ou, pelo menos, para a perceção das capacidades psicopatas da espécie humana, sendo que tal poderá ser benéfico para a resolução de crimes no futuro e, de certo modo, para a nossa própria consciencialização da “maldade” que existe à nossa volta e, porventura, dentro de nós.
Bibliografia:
+ https://opsicologoforense.blogspot.pt/2008/03/psicologia-forense-o-que.html
+ MONTEIRO, Manuela Matos e FERREIRA, Pedro Tavares (2006). Ser Humano - 2ª Parte - Psicologia B - 12.ºano. Porto Editora.